quinta-feira, janeiro 29, 2009

Num instante…não mais que num instante...
Uma frase atirada, como quem atira uma bomba... e ...o mundo desmoronou aos seus pés...
o corpo sentindo o impacto da dor... cambaleou... sentindo que estava a cair vertiginosamente por um abismo…tudo tinha virado noite escura !
...Não via nada, não ouvia… era o fim! Porém... num ultimo esforço, a sua mão conseguiu agarrar algo que o manteve em cima…O que fazer?
As forças estavam a esgotar-se...quando pensava que nada nem ninguém a salvariam, gritou um nome em desespero... devagar... viu de novo a luz, o som...
Estava de novo em cima, num instante…não mais que num instante...

(Foto tirada em Reboredo - Galícia)

quarta-feira, janeiro 21, 2009

Filho, mandaste-me esta foto da tua aventura na neve...disseste-me ...que ao tirá-la pensaste...na vida...nas suas oportunidades....e... imediatamente pensei neste texto que te deixo:

(...)Uma pequenina mudança hoje acarreta-nos um amanhã totalmente diferente. São grandes as recompensas para aqueles que optam pelos caminhos duros e difíceis, mas essas recompensas acham-se ocultas pelos anos. Não importa qual seja nossa habilitação ou nosso merecimento, nunca alcançaremos uma vida melhor até conseguirmos imaginá-la para nós próprios e permitir-nos tê-la.

Richard Bach in Um

sexta-feira, janeiro 16, 2009

O Artur sentiu sobre a orelha uma coisa muito fria, com um som...
- O que é, mãe?
- Não ouves? Sim, ouvia. Era um som pesado lá ao longe e que depois vinha, vinha e subia, e que depois se tornava mais brandinho, para logo voltar a vir de longe. Parecia música, mas não era bem música. E talvez fosse. Bom, não seria bem música.
- O que é, mãe? - voltou a perguntar.
- Que barulho é este?
- É o mar... É a voz do mar...
- A voz do mar?!
- O mar fica longe, mas a voz meteu-se aí dentro. Isto é um búzio.
- E onde nascem os búzios?
- No mar.
- Então é por isso que se ouve...
- Pois é. As ondas fazem um barulho assim quando se ouvem ao longe. E a gente está longe. Não ouves a voz que lá vem?
- Oiço.
- E depois quebra-se assim como as ondas na areia.…De repente, fechou os olhos e juntou as duas mãos sobre o búzio, apertando-o contra o ouvido.
- Agora deve ser um navio que lá vem. É mesmo, é, é um navio...A mãe aproximou o ouvido, desviando o lenço.
- Não ouves? Não, a mãe não ouvia. Mas o importante para ele era ter o mar apertado entre as mãos. Lá vinha uma onda... e outra.

Alves Redol, Histórias
(Apenas mais uma partilha...)

segunda-feira, janeiro 12, 2009

Não tenhas medo. Eu tomo conta de ti – disse ao lado dela uma voz.
Florinda voltou-se e viu um rapaz alto, lindo e verde.
- Ah! – disse ela. – És o Rapaz de Bronze. Eu pensava que tu não sabias falar, pensava que eras uma estátua.
- De dia – disse o Rapaz – sou uma estátua. Mas de noite sou uma pessoa e sou o Rei deste jardim. …. “ - A noite é fantástica e diferente!
- A noite – disse o Rapaz de Bronze – é o dia das coisas. É o dia das flores, das plantas e das estátuas.De dia somos imóveis e estamos presos. Mas de noite somos livres e dançamos. ..
“O Rapaz de Bronze – Sophia Mello Breyner

Tenho andado rever o meu site de fotografia, e, encontrei mais uma que gostaria de partilhar convosco.

sábado, janeiro 03, 2009

Hoje ao rever algumas fotos da minha galeria que tenho na net ...deparei-me com esta foto que de imediato me fez recuar no tempo... trazendo com ela as mesmas emoções...
Era uma estátua bela...eu, e a atracção de explorar cada pormenor por elas oferecidas...deparei-me com estes pés...pés gretados...pés magoados...pés sofridos...pés que me fizeram pensar...quem lhes teria dado tanta força?...o escultor... a erosão do tempo...ou jáeram assim ...marcados...gretados...sofridos...pés que trouxe comigo... apenas...para não esquecer...pés marcados...na sua longa caminhada.... por este ponto no Universo chamado Terra...