Um passeio pelo "Jardim das Oliveiras" no C.C.B.,

mais um cartaz num vidro reflectindo, o que Aldara

Bizarro na sua peça «A Preguiça Ataca?»

nos quer transmitir:

"Quando somos crianças,

a preguiça acaba quando nos espreguiçamos e só regressa

quando estamos exaustos da brincadeira.

Quando somos adultos,

a preguiça envergonha-se perante o trabalho

que se avoluma e ninguém admite que a sente.

Quando estamos a meio do caminho,

o tempo saboreia-se e o que pode ficar para amanhã

fica suspenso na doçura de um bocejo... "

Tinha tudo a ver, pessoas deitadas na relva...apenas

preguiçando....

Hoje bateu a saudade da infância ao ler "Os da Minha Rua"
de ONDJAKI ( o meu autor Angolano preferido),
ao encontrar esta estória que como ele a vivi,
nos meus tempos "do antigamente" !


...."Uma pessoa quando é criança parece que tem
a boca preparada para sabores bem diferentes
sem serem muito picantes de arder a lingua.
São misturas que inventam uma poesia mastigada
tipo segredos defim de tarde."...

....."Trouxeram sal nas mãos bonitas em concha com
cheiro assim duma praia secreta." ....

....."Cada um pegava num pedacito de manga verde,
misturava com o sal e comia devagar. Entre gargalhadas
pequeninas, íamos dividindo o momento e a tarde, os olha-
res e os arrepios, os sons gulosos e a sujidade das mãos
que pingavam esquebras de suco para as formigas beberem."....

Obrigada, Ondjaki,
contigo voltei a viver e saborear"uma manga verde com sal"
e....as lágrimas correram!

" O Supremo Crítico dos erros do passado e do presente,

e o único profeta daquilo que deve ser,

é a Natureza Grandiosa em que repousamos enquanto

a terra jaz nos braços ternos da atmosfera;

essa Unidade, essa Super - Alma, na qual todo o ser

humano está contido e tornado uno com todos os outros...

Vivemos na sucessão, na divisão em partes e em particulas.

Entretanto, dentro do homem existe a alma do todo; o sábio

silêncio...a que está ligada cada parte e cada partícula;

o EU eterno....

Ralph Waldo Emerson, " The Over - Soul"

Foto: M.Galante

Uma tarde no Parque,
um momento de emoção....
Um bailado de Mãe e Filho!

Eu me busquei no vento e me encontrei no mar

E nunca

Um navio da costa se afastou

Sem me levar.

Sophia de Mello Bryener - in Mar

(hoje é para mim...sinto-me assim)