Hoje ao folhear o JL, li uma crónica de um escritor Angolano que adoro, o Ondjaki, “Da geografia dos afectos e outras marés “, não resisti colocar aqui, uma das partes que mais me marcou:
….”Olho o mar – e estou sozinho. De novo assim. Este mar que não lembra o meu, nem pelas cores nem pelo rebordo das pedras, nem mesmo pelo seu vento exarcebado. Vai cada um viajando de retorno a casa e ficam-me nos dedos, além das pedras que não trago para casa, o sal agressivo da saudade. Uma nota melódica, como que emitida por um pássaro gritante, ecoa no meu ouvido de escrever e, para dizer a verdade com alguma simplicidade, tenho saudades das vozes e das palavras dos amigos. Quero o calor das suas estórias, a imperfeição dos erros nos respingos salgados da húmida maresia. Sim, levarei dias a refazer a geigrafia dos afectos, a reaprender fronteiras, do meu português atoado até ao meu espanhol assumidamente circense.
O mar tão perto – tão abrangente, tão aquintalado de sotaques e de jeitos culturais de fazer ternura colectiva. E se todas as fronteiras de arames farpados fossem apenas um sonho mau e simples de ser rasgado com a força da palavra liberdade dita num poema sentido pelaespontânea maneira de gritarmos vontades genuínas?
Outrora eu serei de muitos lugares.Por agora peço ao Ruca pa repetir a frase do Beto: quem me dera ser onda!”
9 Comments:
mãe...só tu para encontrares este excerto fantástico:-) obrigado pela partilha!
Que bela crônica,obrigada por nos dar o prazer de conhecer!
lindo seja seu dia minha querida,
beijossssssssssss
É realmente muito bonito. E ainda por cima "com mar"... a minha paixão que nunca me canso de olhar!
Deixando de lado as polémicas de deve ou não haver "dias" disto e daquilo, aproveito para lhe deixar a minha homenagem!
Voltei de férias mas segui viagem aqui. Ah, também queria ser uma onda...
Carinhos
gostei de lêr
senti-me junto ao mar, quase o ouvi
:)
as palavras nem sempre são suficientes para descrever as nossas emoções e sentimentos!
Adorei conhecê-la! Afinal o Thiago foi modesto relativamente à mãe!
A sua simpatia é cativante e é tão bom ter a oportunidade de conhecer pessoas assim, interessantes!
E, ainda teve a amabalidade de me mimar. Assim vou ficar ainda mais mimada!
Quero que saiba que quando precisar estou por perto. É só chamar-me!
Beijinhos gds
Sofia
Linda noite minha querida,
beijosssssss
Eu acho que nunca cheguei realmente a construir a minha geografia dos afectos... Mas importante é que saibamos exactamente por que caminho seguir! ;)
Quanto à analogia, não posso deixar de invejar também um pouco o mar. Ele viaja por todo o lado, conhece todos os cantos do mundo, e as suas ondas são severmente poderosas! Talvez um dia possa tocar tudo e todos. Por ora opsso apenas desejar... =)
Um beijinho*
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